Tarifas de energia terão aumento médio de 40%

Geral - 22/01/2015

Prime Energy
Research

Após o Tesouro Nacional anunciar que encerraria seus repasses, as tarifas de energia podem subir até uma média de 40% em 2015. Esses números foram calculados pela ANEEL e são decorrentes do impacto do “realismo tarifário”. A previsão foi apresentada à presidente Dilma Rousseff no dia 12/1 em reunião com os ministros de Minas e Energia e da Fazenda.

O pilar do setor elétrico, criado pelo governo em 2012 e que baseava as tarifas de energia em subsídios do Tesouro Nacional, foi abandonado pela presidente. Todos os custos serão cobertos por repasses feitos nas contas de energia dos consumidores.

As tarifas de energia elétrica deverão aumentar, em média, 40%. Muitos mercados terão reajustes mais elevados, e em outras regiões o aumento será pequeno. Os reajustes também vão depender da revisão dos subsídios anunciados pelo governo. Esses possíveis reajustes provavelmente vão gerar um aumento da inflação, por causa de seu impacto sobre o IPCA, que será sensível. O setor privado calcula que a inflação pode subir cerca de 1,2 ponto percentual em 2015 em decorrência do setor energético.

No último relatório de inflação de dezembro apresentado pelo Banco Central, estimava-se um aumento de 17% nas tarifas de energia – menos da metade da estimativa do governo. O realismo tarifário adotado pela presidência colocará muito mais pressão sobre a inflação e sobre a política de juros do BC.

O cálculo do aumento de 2015 leva em conta quatro outros fatores, além do reajuste anual permitido às distribuidoras. O primeiro deles é o valor da energia contratada na hidrelétrica de Itaipu. Os mercados mais afetados por esse fator de aumento serão os das distribuidoras do Sul e Sudeste, como Eletropaulo, em São Paulo, e Copel, no Paraná.

O início do pagamento do empréstimo de R$ 17,8 bilhões feito para cobrir o custo da energia gerada pelas termelétricas é outro dos fatores que vão influenciar. Os clientes das distribuidoras vão ser cobrados de fevereiro em diante, e é esperado arrecadar R$ 1,2 bilhão apenas em 2015.

A ANEEL também terá de usar as tarifas para cobrir o déficit acumulado na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), e estima-se um saldo de R$ 3 bilhões.

Para aliviar um pouco as cobranças, há a expectativa de um espaço para redução de gastos da CDE. O ministro Eduardo Braga disse que serão revistos todos os subsídios concedidos pela CDE. Serão preservados apenas o Luz para Todos, a tarifa reduzida para consumidores de baixa renda, e as compras de carvão mineral.

Outro alívio nas tarifas vai ser o vencimento das concessões de usinas da Cesp, da Cemig e da Copel, que, juntas, somam cerca de 5 mil MW, por volta de 8% da demanda atual. Essa energia custará cerca de R$ 100 a menos por MWh, saindo dos atuais R$ 140 para R$ 40 por MWh.