Leilões impulsionam o mercado livre de energia

Mercado Livre de Energia - 11/05/2018

Prime Energy
Research

Os baixos preços dos leilões de energia realizados pelo governo estão ajudando a fomentar o crescimento do mercado livre de energia, modelo de comercialização no qual os consumidores podem escolher de quem comprar esse recurso. Os investidores estão apostando hoje em um mix de contratos, comprando parte de sua energia no mercado regulado e parte no mercado livre, que oferece preços muito mais atrativos.

Atualmente, o principal obstáculo para o mercado livre é o financiamento, já que os bancos de fomento exigem como garantia contratos de longo prazo de venda de energia. No mercado livre, um contrato de venda de cinco anos já é considerado de longo prazo, enquanto, com as distribuidoras, os contratos duram de 20 a 30 anos.

Investidores preferem, hoje, a contratação de projetos em leilões, entretanto as distribuidoras de energia têm declarado demandas baixas nos últimos anos. Além disso, não foram feitos leilões entre 2015 e 2017.

A saída dos empreendedores tem sido vender projetos em leilões por preços baixos, contratando apenas parte da energia. Dessa forma, os investidores fazem financiamentos de longo prazo para a parcela da energia contratada pelas distribuidoras e utilizam outras ferramentas, como as debêntures de infraestrutura, como complemento.

Parte dos investidores, em especial no setor eólico, tem como estratégia vender apenas uma  parcela da energia assegurada no mercado regulado, deixando uma parte para o livre, em que os preços estão melhores. Além da vantagem relacionada ao financiamento de longo prazo, os vencedores dos leilões também têm prioridade no acesso à conexão com a rede de transmissão para escoar a energia gerada.

Segundo especialistas, a tendência é que isso aumente a proporção da oferta de energia no mercado livre de energia, resolvendo uma questão que se coloca para o governo, que prevê uma abertura gradual deste ambiente de contratação nos próximos anos, mas sem a garantia de oferta de energia.

A energia eólica saiu pelo preço médio de R$ 67,70 por megawatt-hora (MWh) em um dos últimos leilões do governo. A energia solar saiu pelo preço médio de R$ 118,07/MWh. No mercado livre, em contratos de compra de cinco anos, estão com preço médio de R$ 160 a R$ 170/MWh. Fontes incentivadas, como solar e eólica, têm um prêmio embutido no preço de cerca de R$ 50/MWh.

Outra questão que favorece esse novo tipo de projeto, que atua tanto no mercado livre quanto no mercado cativo, é que o perfil dos vencedores recentes de leilões mudou: são grandes “utilities”, que têm acesso ao mercado livre e com braços de comercialização, são empresas grandes, consolidadas e com experiência no segmento.