Ibope indica 90% de interesse na produção autônoma de energia entre os brasileiros

07/09/2020

Prime Energy
Research

O interesse pela geração de energia por meio de energia solar, eólica ou outras modalidades renováveis chegou a 90% neste ano, 13% a mais do resultado objetivo em 2014. Os dados são da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Os brasileiros mais interessados em gerar sua própria energia estão entre 25 e 34 anos (95%), seguidos da faixa com mais de 51 anos (81%) e com alta escolaridade. O menor índice de interesse (80%) está nos que possuem até o quarto ano do fundamental.

São três os principais fatores que influenciam no interesse pela produção de energia no mercado livre, de acordo com a pesquisa: o preço (64%), a preocupação ambiental (17%) e a qualidade no atendimento (15%). Segundo Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel, o consumidor está com maior consciência ambiental, sabe que paga caro pela energia e quer ter uma maior qualidade no atendimento. Ainda assim, 57% disseram não estarem dispostos a pagar mais pela geração limpa, ainda que o percentual varie com a faixa etária: acima de 55 anos (67%) e entre 16 e 24 anos (37%).

Os resultados apontam uma grande insatisfação com o atual modelo de energia, de acordo com Medeiros. As pessoas desejam cada vez mais ter a possibilidade de escolha de sua fornecedora de energia. O debate sobre o mercado livre deve continuar, já que a pesquisa demonstrou a atenção das pessoas em relação aos seus direitos.

A média nacional para insatisfação no preço da energia, considerando cara ou muito cara, atingiu 80%. O maior foi atingido pelo Nordeste, que chegou a 82%. O menor índice foi no Sul, com 76%. O sentimento que a energia no Brasil é muito cara atingiu 49% quando a renda é de um salário mínimo e 37% quando a renda é de cinco salários. A maior adesão ao mercado livre está entre os de maior renda e maior escolaridade. Independentemente desses fatores, os impostos altos e a falta de concorrência foram os principais motivos apontados para encarecer a conta de luz.

A necessidade de maior compreensão sobre o mercado livre existe no cenário de desigualdade social presente no Brasil. Esse fator aparece na pesquisa, ainda que a maioria dos que possuem menos estudo seja favorável à portabilidade, de acordo com Ricardo Medeiros. Nesse sentido, 87% dos consumidores que apoiam a escolha da fornecedora de energia possuem ensino superior, enquanto 63% possuem até o quarto ano do ensino fundamental.

O Sul e o Nordeste apresentaram o segundo maior interesse (88%) na produção da própria energia, enquanto o Centro-Oeste apresenta a maior porcentagem, chegando a 94%. Em todas as regiões a questão mais levada em conta é o preço. Em segundo lugar, as demais regiões consideram a qualidade do atendimento, com exceção do Sul e Sudeste, que têm interesse em energias limpas.

 

Para que o custo seja reduzido para consumidores e empresários, de acordo com Medeiros, é essencial que o setor se modifique estruturalmente. A aprovação da PLS 232/16 evitará que o maior preço seja pago pelo trabalhador. Existem, hoje, mais de 2 mil geradores e comercializadores de energia elétrica no País, dentre os quais se poderá escolher livremente quem fornecerá sua energia. 

Ainda segundo Medeiros, “O benefício esperado não é só a economia mensal na conta de luz em 80 milhões de lares, mas a geração de muito mais empregos nas 4 milhões de fábricas, estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e no agronegócio”. Para além destes fatores, a redução de custos certamente atrairá investidores.

Medeiros afirma que o mundo pós Covid-19 exigirá do setor elétrico eficiência. O modelo atual gera insatisfações, por isso é necessária a aprovação da reforma no setor. O mercado livre é responsável pelo fornecimento de 85% das indústrias e de 30% de todo o fornecimento energético no País.

A pesquisa Ibope ocorreu nas regiões Centro-Oeste, Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil, questionando o sexo, renda familiar, escolaridade, porte do município e faixa etária de cada participante. A amostra de 2 mil pessoas foi coletada entre os dias 24 de março e 01 de abril.