Da megageração para microgeração, a democratização da energia no Brasil

Geração Distribuida - 16/05/2018

Prime Energy
Research

Uma transição dos modelos da produção energética está se espalhando pelo mundo. No Brasil, grandes usinas hidrelétricas estão sendo substituídas por microgeradores solares e esse paradigma vem sendo aplicado em novas decisões do governo.

A hidroeletricidade continua a dominar a geração de energia no Brasil, respondendo por 63,8% da capacidade instalada do País e um total de 158.798 megawatts, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além disso, o Brasil possui três das seis maiores usinas hidrelétricas do mundo. Um delas, Belo Monte, no rio Xingu, na Floresta Amazônica, foi inaugurada em 2016, com capacidade para atingir 11.233 megawatts em 2019, uma vez que todas as suas turbinas estejam em operação.

Até agora, esses megaprojetos têm sido o foco da transição energética do Brasil, que é uma substituição gradual de combustíveis fósseis por fontes ambientalmente mais amigáveis.

A energia solar representa 0,73% do total de eletricidade gerada em território nacional, o que equivale a 1.164 megawatts, segundo dados da Aneel. Essa produção vem, principalmente, de 1.445 usinas de empresas que utilizam painéis solares para vender energia ao mercado, como a energia hidrelétrica ou usinas térmicas.

As maiores perspectivas de crescimento e transformação do sistema elétrico no Brasil,  entretanto, vêm dos micro ou minigeradores, que produzem eletricidade para o autoconsumo em residências e empresas – as chamadas unidades consumidoras com geração distribuída ou descentralizada.

Em abril, 26.620 unidades consumiam 99,3% de energia solar e o restante de energia hídrica, eólica ou térmica, que inclui biomassa. Elas geram um total de 317,7 megawatts e sua capacidade está crescendo quase três vezes a cada ano.

Segundo estimativas da Aneel, a participação da energia solar no mix elétrico do Brasil aumentará para 15% até 2024; em 2040, deve chegar a 32%. Desse montante, a maior parte deve ser gerada em telhados domésticos.

Esse crescimento impressionante, envolvendo milhões de residências, empresas e prédios públicos, vai exigir a eliminação de obstáculos que impedem o seu desenvolvimento, em especial as barreiras regulatórias.

No Brasil, esses micro e minigeradores não podem vender sua eletricidade. Aquilo que é produzido e não é consumido acaba sendo incorporado à rede elétrica. Se houver um excedente, ele é registrado como crédito para compensar o consumo futuro.

A energia solar tem o menor impacto social e ambiental de todas as fontes energéticas. Além disso, é possível usar espaços não utilizados nos telhados. Por esse motivo, existem iniciativas de se incorporar essa tecnologia nos programas de habitação e no setor público.

Uma iniciativa exemplar foi a construção, em Juazeiro, no nordeste baiano, de dois conjuntos do programa “Minha Casa Minha Vida”, com 9.144 painéis fotovoltaicos instalados em mil casas.