Consumidores serão atraídos por preços do Mercado Livre de Energia

01/06/2020

Prime Energy
Research

Novos dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica apontam para o setor elétrico em constante queda de consumo. Os índices consideram os reservatórios existentes e têm projeções para a manutenção do cenário durante este ano e o próximo. Essa situação pode desencadear possiblidade de atração de novos consumidores e contratações a longo prazo, devido aos preços menores. Os números indicam baixa de 15% no SIN, 14% no ACR e 19% no ACL.

Essa situação é considerada intensa por Patrick Hansen, sócio da Dcide, já que há diminuição em torno de 30% dos valores. No mês de janeiro, a realidade era diferente, com PLD pressionado e os contratos atingindo patamar de R$ 200/MWh. Com forte alteração na curva forward de preços, a realidade no mês de maio é de algo em torno de R$ 143/MWh.

A condição atual de diminuição do consumo terá impactos futuros. Para 2021, a expectativa é de melhores condições de armazenamento. Já entre 2021 e 2024, os preços de energia tendem a baixar, sendo o primeiro ano de menor valor por conta da volatilidade menor a longo prazo. Os dados foram destacados por Hansen, participante da alternativa on-line 5o webinar da edição especial do Agenda Setorial 2020, proposta pelo Grupo CanalEnergia-Informa Markets.

O sócio da Dcide citou o pior cenário histórico em 90 anos sobre o submercado atualmente em relação a afluências, quando foram feitos questionamentos em relação ao potencial de queda. Mesmo que a situação dos preços pós 2020 seja maior, os números variam de R$ 5 a R$ 10, uma grande diferença na projeção de contratos em um futuro de até quatro anos.

Contratações a longo prazo são boas opções para o consumidor nesse momento. Segundo Hansen, é possível observar boas condições nesse momento pessimista para todos.

Em concordância está Bruno Soares, diretor da Ampere Consultoria. Ele enfatiza as incertezas em relação à crise e sua duração, sendo possível que existam revisões de caráter excepcional. Os casos de coronavírus estão aumentando, sendo assim, ainda há a possibilidade de lockdown e o comprometimento no consumo e previsão de carga de energia.

Os preços a longo prazo estão recebendo impactos da sobreoferta causada principalmente pelo Sul do País. Bruno diz que o cenário é de incerteza, com o crescimento da pandemia no interior. Porém, os preços baixos podem trazer mais consumidores para o mercado livre.

Outro fator favorável são as alterações nas tarifas nos próximos anos, de acordo com o presidente da BC Energia, Alessandro de Brito Cunha, que está envolvido com negociações no ACL. “Sempre é momento para mudança”, destacou no 5o(?) webinário do Agenda Setorial 2020.

A garantia de um preço mais baixo a longo prazo no ACL também mostra que esse é um momento favorável para contratação, mesmo com indústrias e grandes consumidores com demandas menores nesse momento. É o que enfatiza Ricardo Lisboa, sócio da Delta Energia, enquanto evidencia que estratégias de análise individual são importantes nesse momento.

A ACR sofre impactos de diversas circunstâncias, inclusive da Conta Covid. Esse aspecto é destacado por Andrew Strofer, CEO da América Energia, que aponta as influências do custo dos combustíveis para parcela de CDE e da energia de Itaipu em dólar, mesmo com a Selic reduzida. Diferenças entre os ambientes de contratação aparecem nesse contexto com o aumento dos custos no mercado regulado.