Brasil como potência energética e climática: o que falta para beneficiar o consumidor?
Conteúdos - 06/11/2025
Prime Energy

Neste mês de novembro o mundo está particularmente interessado em uma cidade brasileira: Belém do Pará, onde acontece a COP30, 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Pela primeira vez, o evento será sediado em uma região amazônica, território que simboliza tanto os desafios quanto as soluções climáticas globais.
O Brasil, com sua matriz energética majoritariamente renovável e seu papel estratégico na preservação ambiental, assume um papel importante nas discussões sobre o futuro do planeta.
Entre os temas centrais da COP30, a energia ocupa lugar de destaque. Não apenas como vetor de desenvolvimento, mas como ponto central na transição para uma economia de baixo carbono.
O evento, embora ligado a vários temas da agenda climática e do meio ambiente de uma maneira global, acontece em um momento particular em que o setor elétrico do Brasil vive transformações e desafios, tornando alguns assuntos ainda mais centrais para a agenda do mercado de energia. Dentre eles, está a discussão sobre o potencial brasileiro na agenda climática e energética, em contraponto com a sensação de preços altos de energia e a conta de luz do consumidor mais cara (prova disso é que iniciamos novembro com o 6º mês consecutivo em que há incidência de bandeiras tarifárias vermelhas).
Somos um país que gera muita energia limpa, mas ainda convivemos com tarifas elevadas e desigualdade no acesso, o que levanta questões importantes sobre eficiência, regulação e justiça energética.
Se você quer entender melhor sobre a relação entre as pautas do setor elétrico e as discussões atuais da COP30, continue a leitura e entenda:
- Por que o Brasil está no centro das decisões climáticas que moldarão o futuro da energia?
- Como a transição energética pode melhorar a vida dos consumidores;
- Paradoxo nacional: por que o excesso de geração não se traduz em tarifas mais baixas para os brasileiros?
Energia no Brasil em pauta
O Brasil tem uma posição única no cenário global: é um dos países que mais produz energia limpa no mundo, graças ao seu potencial renovável (biomassa, hídrica, eólica, solar etc.) e ainda abriga a maior floresta tropical do planeta, a Amazônia, que regula o clima e absorve carbono.
Mas, essa abundância não se traduz automaticamente em benefícios diretos para o meio ambiente ou a população. Práticas ilegais de desmatamento, garimpo ilegal, a violência contra povos indígenas e quilombolas (que ocupam e protegem grande parte áreas de preservação) ainda acentuam desigualdades que afetam milhões de brasileiros.
Por isso, na COP30, o Brasil não é apenas anfitrião. Todo o movimento regulatório relacionado ao meio ambiente e aos recursos naturais estão sendo observados e cobrados por parte da comunidade internacional interessada tanto na proteção do meio ambiente quanto em discussões sobre desenvolvimento responsável. Nesse sentido, a energia é um dos assuntos importantes do encontro.
🌱 Recursos naturais e a transição energética
O Brasil tem ocupado uma posição central nas discussões climáticas. Parte dessa centralidade pode ser explicada pois, um país com tantos recursos naturais, tem um alto potencial para liderar a transição energética global. No entanto, para isso, precisa desenvolver sérias políticas de desenvolvimento e suas respectivas regulamentações.
O que é transição energética?
A transição energética é o processo de transformação do sistema energético global para torná-lo mais sustentável, limpo e eficiente, com o objetivo principal de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar as mudanças climáticas. Com metas globais já adotadas por diversos países, podemos dizer que ela representa uma estratégia promissora de convergência da utilização da energia elétrica para o desenvolvimento.
Essa transição envolve:
- substituir gradualmente as fontes de energia fósseis (como carvão, petróleo e gás natural) por fontes renováveis (como solar, eólica, hidráulica e biomassa);
- estimular a eficiência energética e a modernização (eletrificação) dos setores.
Saiba mais sobre transição energética aqui.
☀️ A matriz energética do Brasil
Sabemos que o Brasil é um país com riqueza natural abundante, e nossos recursos hídricos são também uma marca de nosso potencial energético. Prova disso é que 12% da água potável do mundo está em nosso território. No entanto, outras fontes de energia também são abundantes por aqui, como eólica, solar e biomassa.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do MME 2025
É importante lembrar, no entanto, a distinção entre a matriz energética total e a matriz elétrica.
Apesar de sermos líderes em renováveis, ainda importamos derivados de petróleo e gás natural, pois nossa matriz energética total depende de combustíveis fósseis (incluindo demandas de transporte e indústria). Ou seja, ainda há um longo caminho para sermos autossuficientes em todos os tipos de energia.
Paradoxo nacional: por que o excesso de geração não se traduz em tarifas mais baixas para os brasileiros?
Embora nossa matriz elétrica seja majoritariamente renovável, e a nossa capacidade instalada seja superior à demanda em muitos momentos, a verdade é que a sensação no bolso do consumidor é que a conta de luz continua alta.
E quais são as razões para essa sensação de conta de luz tão alta?
De acordo com uma matéria produzida pelo G1, apesar de o Brasil ter, em alguns momentos do dia, mais geração de energia renovável do que demanda de consumo, esse excedente ainda não pode ser armazenado. E, para evitar sobrecarga no sistema, o Brasil precisa cortar a geração em parques eólicos e usinas solares (processo conhecido como curtailment).
Ou seja, o excedente precisa ser “desperdiçado” e não se traduz em tarifas mais baixas na conta de luz. E, como em momentos de alta demanda – como no começo da noite – as renováveis geram menos energia, o país recorre a fontes que podem ser acionadas a qualquer momento, como as termelétricas, que custam mais caro e impactam na bandeira tarifária. Leia a matéria completa aqui.
Para especialistas do setor, o protagonismo do consumidor torna-se cada vez mais importante nesse contexto. Assim, cabe a legislação e regulação mais mecanismos que sinalizem ao consumidor as necessidades da matriz elétrica para que o setor possa enfrentar novos desafios, como a intermitência das fontes renováveis (solar e eólica, principalmente), que exigem apoio das térmicas em horários críticos.
Como a transição energética pode melhorar a vida dos consumidores na prática?
Discutir energia é discutir desenvolvimento e por isso, a transição energética engloba decisões que moldarão o uso e consumo de tecnologias em escala global, como data centers, inteligência artificial, mobilidade elétrica e infraestrutura digital. Leia sobre o uso da IA e o novo mapa do consumo energético aqui.
Ao investir na consolidação das fontes renováveis como prioridade, o Brasil pode atrair empresas, gerar empregos qualificados e estimular inovação. E mais: pode garantir que o crescimento econômico venha acompanhado de inclusão social e proteção ambiental.
Nesse sentido, valorizar o meio ambiente não é só preservar florestas, mas sim, garantir que o modelo de desenvolvimento respeite os limites do planeta e melhore a vida das pessoas.
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