Aneel prevê que reajuste tarifário pode chegar a 16,7% em 2022

Aumentos nas tarifas - 26/08/2021

Prime Energy
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A maior crise hídrica dos últimos 90 anos tem comprometido de forma significativa a geração hidroelétrica, forçando a uma maior utilização de termelétrica e, por consequência, elevando os custos de operação. De acordo com projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), deve haver um reajuste tarifário de 9% ainda em 2021 e um novo aumento de 16,68% nas tarifas de 2022.

O superintendente de Gestão Tarifária da Aneel, Davi Antunes Lima, apresentou a perspectiva durante um debate na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados realizado em 16 de agosto. Na ocasião, também foram avaliadas novas ações projetadas pela Aneel, como a antecipação de recursos provenientes da privatização da Eletrobras, o que possibilitaria reunir R$ 8,5 bilhões e reduzir o reajuste.

Acerca do assunto, Lima comentou: “Com essas medidas adicionais, em vez dos 16,68% previstos, podemos ter reajuste de 10,73%, mas estamos ainda estudando alternativas”.

De acordo com o superintendente, os principais fatores a pressionar o preço da energia produzida no País atualmente são: a variação do IGP-M, índice que regula contratos de 17 distribuidoras; a alta do dólar, que impacta no valor da energia de Itaipu; e a aguda crise hídrica, que é a mais severa desde o início da série histórica em 1931.

Houve, entre aqueles que foram ouvidos, uma unanimidade na análise dos motivos que levam aos frequentes aumentos à população. Entre eles, não está a crise hídrica, mas, segundo avaliação dos presentes, as causas são má gestão nos reservatórios das hidroelétricas e falhas na atual política energética do Brasil, em que acionistas e empresários do setor elétrico são privilegiados na divisão de lucros, ainda que estejamos em um período de pandemia que afetou a renda da maioria dos cidadãos.

O ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, avalia que as termelétricas deveriam ter sido acionadas com antecedência, de forma a reduzir os impactos da crise nos reservatórios.

De acordo com Andreu, “o ONS aumentou sistematicamente a geração hidráulica, mesmo as chuvas não chegando, e reduziu de maneira irresponsável a geração térmica, provocando artificialmente um esvaziamento dos reservatórios”.

O representante dos trabalhadores do setor elétrico, Gustavo Teixeira, do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), apontou uma política que privilegia ganhos de empresários e acionistas do setor.

Sobre o tema, Teixeira comentou: “Ao mesmo tempo em que o consumidor brasileiro paga uma das tarifas mais caras do mundo, o setor elétrico é um dos que mais paga dividendos”. Ele também afirma que, de 2011 a 2020, foram pagos mais de R$ 112 bilhões em dividendos a acionistas, sendo R$ 14 bilhões no ano inicial da pandemia.